por Gerson Pereira
“Eu prefiro ser essa
metamorfose ambulante...” – Raul Seixas
Sempre penso que, quando inventarem
uma máquina do tempo, quero voltar e conviver comigo por um tempo. A gente
sempre pensa que quer estar perto de pessoas que se parecem conosco, que têm os
mesmos gostos, os mesmos tudo... O fato é que eu não sei se gostaria de ter eu
mesmo convivendo comigo por muito tempo. Talvez uma experiência de um dia e
nada mais. Mas isso só quando inventarem a tal máquina do tempo!
Agora, tento me ver de dentro de mim
mesmo e isso é um pouco complicado! Sempre achamos que nos conhecemos e isso
acaba nos dando a sensação de segurança. Mas essa segurança é falsa! Sim, é
falsa! Pois ao menor abalo, lá estou eu (e todo mundo!) implorando uma
intervenção de alguém. Até Deus a gente coloca no meio de nossas picuinhas da
vida, de nossos enroscos e probleminhas... Então vem a verdade: talvez eu não
me conheça realmente. E essa verdade me faz correr atrás de me conhecer.
Reconhecer isso já é um grande passo! Aí eu vejo um garoto. Um garoto de vinte
e cinco anos! E quando eu tinha quatorze ou quinze eu achava que, quando
tivesse vinte e cinco, estaria velho. Mas não! Não estou velho e quer saber?
Percebi que quando eu tiver trinta, cinquenta ou oitenta (quem sabe chego lá!) eu
não estarei velho!!! Não, porque quando mantemos nosso espírito jovem, o tempo
e o desgaste físico são consequências de um mundo onde se conta o tempo, mas
nosso íntimo não está sujeito a essa dimensão chamada tempo! Então, se tem algo
que posso afirmar sobre mim mesmo é que serei sempre um garoto, buscando,
sonhando, criando e vivendo a vida...
Inteligência, beleza, e todos os
outros rótulos são relativos (assim como o tempo!) e dependem de alguém para
apontar e reconhecer tudo isso. E isso, meus amigos, não é ser imparcial. E a
verdadeira imagem se mostra dentro da imparcialidade, onde somente se é o que
realmente se é... Portanto, esses rótulos coloridos colocados em nós são
somente partes do grande quebra-cabeça que somos!
E, sinceramente, acho que gosto de
ser um quebra-cabeças. Isso mostra que sempre tem mais uma peça pra completar
quem eu sou e cada um à minha volta tem uma dessas pecinhas (ou duas...).
Assim,
prefiro acreditar (e ser!) esse ser mutável, digno de estar disposto a sempre
se completar, de se buscar e se encontrar não somente em cada pecinha que cada
um carrega sobre mim, mas, acima de tudo, se encontrar dentro do universo que
eu sou.Gerson Pereira escreve todas as terças
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