sábado, 1 de junho de 2013

Eu, ué



por Gerson Pereira

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante...” – Raul Seixas

Sempre penso que, quando inventarem uma máquina do tempo, quero voltar e conviver comigo por um tempo. A gente sempre pensa que quer estar perto de pessoas que se parecem conosco, que têm os mesmos gostos, os mesmos tudo... O fato é que eu não sei se gostaria de ter eu mesmo convivendo comigo por muito tempo. Talvez uma experiência de um dia e nada mais. Mas isso só quando inventarem a tal máquina do tempo!

Agora, tento me ver de dentro de mim mesmo e isso é um pouco complicado! Sempre achamos que nos conhecemos e isso acaba nos dando a sensação de segurança. Mas essa segurança é falsa! Sim, é falsa! Pois ao menor abalo, lá estou eu (e todo mundo!) implorando uma intervenção de alguém. Até Deus a gente coloca no meio de nossas picuinhas da vida, de nossos enroscos e probleminhas... Então vem a verdade: talvez eu não me conheça realmente. E essa verdade me faz correr atrás de me conhecer. Reconhecer isso já é um grande passo! Aí eu vejo um garoto. Um garoto de vinte e cinco anos! E quando eu tinha quatorze ou quinze eu achava que, quando tivesse vinte e cinco, estaria velho. Mas não! Não estou velho e quer saber? Percebi que quando eu tiver trinta, cinquenta ou oitenta (quem sabe chego lá!) eu não estarei velho!!! Não, porque quando mantemos nosso espírito jovem, o tempo e o desgaste físico são consequências de um mundo onde se conta o tempo, mas nosso íntimo não está sujeito a essa dimensão chamada tempo! Então, se tem algo que posso afirmar sobre mim mesmo é que serei sempre um garoto, buscando, sonhando, criando e vivendo a vida...

Inteligência, beleza, e todos os outros rótulos são relativos (assim como o tempo!) e dependem de alguém para apontar e reconhecer tudo isso. E isso, meus amigos, não é ser imparcial. E a verdadeira imagem se mostra dentro da imparcialidade, onde somente se é o que realmente se é... Portanto, esses rótulos coloridos colocados em nós são somente partes do grande quebra-cabeça que somos!

E, sinceramente, acho que gosto de ser um quebra-cabeças. Isso mostra que sempre tem mais uma peça pra completar quem eu sou e cada um à minha volta tem uma dessas pecinhas (ou duas...).
Assim, prefiro acreditar (e ser!) esse ser mutável, digno de estar disposto a sempre se completar, de se buscar e se encontrar não somente em cada pecinha que cada um carrega sobre mim, mas, acima de tudo, se encontrar dentro do universo que eu sou.

Gerson Pereira escreve todas as terças

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